03 - Parágrafo "dialógico" sobre o texto Animação Cultural

 

No texto de Vilém Flusser, os objetos buscam a elaboração de uma ciência, inclusive no campo jurídico, que considere a sua valorização diante da influência que exercem sobre a humanidade. A ficção ressalta que os bens materiais produzidos pela sociedade possuem a capacidade de “programar” e “prover animação” às pessoas, as quais se movimentam em torno e em função destes objetos.

No mesmo sentido, o documentário “Dilema das Redes” denuncia o processo de fabricação dos desígnios e das vontades humanas a partir da informação transmitida por meio dos aparelhos eletrônicos – considerados, no texto em questão, como o mais alto escalão dos objetos nesta suposta revolução. Como se sabe, as redes sociais, que ganham corpo em aparelhos tecnológicos, a propaganda, as notícias e todo tipo de informação disseminada, exercem, na atualidade, um verdadeiro poder de criar, impulsionar e definir comportamentos humanos. Importante ressaltar, entretanto, que algoritmos não existem per si, mas, em verdade, são criados e treinados pelos próprios seres humanos. No fundo, há uma condição de controle de um indivíduo sobre outro por meio destas redes que, note-se, são orientadas pelos interesses da classe dominante.

Por outro lado, os objetos a nossa volta, de fato, produzem movimentos humanos e a animação do indivíduo em uma relação dialética de objeto-ser, isto é, a humanidade se vê e existe a partir de sua interação com a materialidade que produz. Desde a mesa que possibilita o debate até o lápis que permite o desenho, os bens materiais são fundamentais à vida humana. Afinal, o trabalho e a transformação da natureza - a partir das necessidades materiais - são as características humanas mais simbólicas da sua existência no mundo e assim, por óbvio, estes bens hão de assumir um papel importante. No fim, o que se deve fazer é questionar as formas em que se dá esta relação.

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