15 - Parágrafo pessoal Filosofia da Caixa Preta (Flusser)
O texto ora em análise propõe uma minuciosa investigação sobre a natureza da imagem técnica e do aparelho que a produz. Nessa lógica, Flusser trabalha muitos aspectos interessantes da relação pós-industrial que se instaura entre o operador (fotógrafo) e o instrumento inteligente (máquina fotográfica), perpassando pelo misticismo da caixa preta e pelos símbolos que por ela são produzidos. Chama a atenção, de maneira particular, as conclusões que o autor estabelece, logo de início, sobre as imagens, as quais ocupam a posição de mediar a relação entre homem e mundo. Sendo assim, as imagens, ainda que orientem o homem no mundo, possuem dimensões a serem exploradas e abstraídas pelo observador.
No entanto, evidencia Flusser, há uma crise que inverte as suscitadas importâncias, de modo que o mundo passa a ser vivido pelo homem como um conjunto de cenas - as imagens perdem um lugar de mediação, com múltiplos significados, e se tornam um fim em si mesmas. Nesta nova relação, o homem se aliena em relação aos seus próprios instrumentos e perde a capacidade de decifrar as imagens. Tal cenário é agravado a partir da imagem técnica produzida por aparelhos, uma vez que a tendência é observá-las sob a ótica de um aparente caráter não simbólico. Desse modo, o homem passa a encarar as imagens como "janelas" e não como imagens a serem decifradas, perdendo a sua capacidade crítica ou mesmo um olhar artístico sobre o que se vê.
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